segunda-feira, dezembro 11, 2006

 

Portugal vale a pena

Nicolau Santos, Director – adjunto do Jornal Expresso

In Revista Exportar

Portugal vale a pena

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém- nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores. Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos paratelemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filmeque quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas deMultibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não épossível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produçãode energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveramsistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para aNASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau deexigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas . Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produçãode rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duasprovas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência EspacialEuropeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial depagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive –Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos etrabalhadores portugueses. Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa,Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services.
E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos gruposPestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País,mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (quedesenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saberquantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).
É este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamentesempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, ecom problemas na saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou oprogresso. Do que se atrasou em relação à média europeia. Está naaltura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos – e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia deuma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, porsua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo osnossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo- nos também nasituação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o quede bom se tem feito.
Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?

Nicolau Santos, Director – adjunto do Jornal Expresso

In Revista Exportar





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